terça-feira, 8 de dezembro de 2009

A viagem

A menina sonhava
Sonhava em um dia encontrar
Seu amigo que vivia no norte

Ela sabia que para as angústias da vida não existia mais soluções
Mas antes que consumisse a cicuta,
Ela queria ter um momento de plenitude

Veste o lenço escuro das borboletas
Amontoa suas poesias, suas fotos, suas memórias
E manda para o menino via correio

Suas roupas... Para que roupas?
Ao invés disso leva o filtro de sonhos,
Segura seu urso e sente que não há mais tempo.

O menino a espera angustiado,
Não está confortável, algo incomoda
Uma preocupação, mas lamentavelmente nem ele sabe o porquê.

A menina embarca naquele avião sozinha
Com medo, nostalgica,
Despedindo-se das pessoas e dos sentimentos
Com uma nudez de palavras e uma nudez de vida.

Sentia apenas a adrenalina

Ao contrário do que o amigo dissera
Ela tomou LSD
E os sentimentos se confundem
Há uma mistura entre o real e o irreal.

O avião segue seu destino e a menina falava com o urso
Fazia-se de boneca.

Desembarcava nos aeroportos e seguia as libélulas...

O seu lenço caiu,
Cismou que o dragão iria roubá-lo
Como a menina chegaria ao norte
Sem o lenço escuro das borboletas?

Correu em direção ao dragão
Achando que poderia detê-lo
O avião acelerado em partida
A atropela.

A menina voou, voou,
Assim como voava em seus sonhos....

Sua cabeça voou para um lado e sua perna para outro
Sangue jorrava naquele chão.

Como uma bolha de sabão que estoura,
O avião a estourou

Encontraram um vidro em seus restos mortais
Dedicado ao verdadeiro sentido da vida.

Seu amigo a esperou em todos os crepusculos,
Mas ela nunca chegou

Seus pais ficaram sabendo que naõ mais estava na casinha de boneca
Nem em lugar algum.

A menina apenas sonhava em conhecer o menino do norte,

Antes que eles a levassem

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